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A ligação perigosa que existe entre o fígado e o cérebro

O consumo regular e continuado de bebidas alcoólicas pode levar a uma cirrose e originar posteriormente uma encefalopatia hepática, uma deterioração da função cerebral, muito comum. As explicações e os alertas de José Presa, presidente da APEF, Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado.



A cirrose hepática é a fase final de agressões continuadas ao fígado, provocadas, por exemplo, pelo consumo regular e continuado de álcool. Contudo, o impacto desta condição é bastante mais abrangente do que parece à primeira vista. Uma das complicações frequentes da doença hepática crónica, mais conhecida popularmente como cirrose, é conhecida por encefalopatia hepática, uma condição que leva à perturbação do funcionamento do cérebro e que pode chegar a afetar até 50% destes doentes.


A encefalopatia hepática está relacionada com uma inflamação e uma lesão do fígado, que, por sua vez, leva a uma série de alterações no sistema nervoso. São causadas principalmente pela acumulação de substâncias tóxicas que o fígado não conseguiu eliminar do sangue e que comprometem o seu funcionamento. Esta consequência pode surgir de forma silenciosa e progredir para uma sintomatologia debilitante. Essa condição vai impactar a personalidade e o comportamento do doente no dia a dia.


É possível manifestar-se através de sintomas como desorientação mental, raciocínio lento, esquecimentos constantes, sonolência, tremores, dificuldades de coordenação motora, perturbações do sono e, nos quadros clínicos mais graves e com prognóstico reservado, pode levar ao coma. É, por isso, essencial que seja feito um exame clínico que despiste a causa das alterações neurológicas e que se avalie a gravidade da perturbação. Deve haver uma mobilização de esforços por parte do cuidador e profissional de saúde.


"A adoção de uma dieta equilibrada que reduza o consumo de comida processada e a quantidade de gorduras e de bebidas alcoólicas ingerida é uma das recomendações principais"

Especialmente nos casos graves, em que a fragilidade mental é substancial e muitas vezes negligenciada pelo portador, essa necessidade é premente. Apesar de passarem despercebidos, os sinais de alerta, como a apatia no discurso, a irritabilidade, a agressividade e a condução de forma perigosa devem constituir um motivo para procurar logo ajuda médica. Os sintomas não devem ser, em nenhuma instância, ignorados, uma vez que a probabilidade de reversão rápida e definitiva diminui em atuações tardias.


No que diz respeito ao tratamento da encefalopatia hepática, este não é isolado, uma vez que está intimamente interligado com a própria terapêutica das doenças hepáticas. Portanto, o processo que trave a progressão deste tipo de patologias deve ser delineado pelo hepatologista e adaptado às características de cada caso. Os estádios mais avançados, normalmente, necessitam de medicação. Existem, no entanto, hábitos mais saudáveis e estilos de vida mais sãos que podem ter um impacto positivo nestes pacientes.


Ainda assim, é de reforçar que melhorar os comportamentos alimentares, através da eliminação dos hábitos nocivos e da adoção de uma dieta equilibrada que reduza o consumo de comida processada e a quantidade de gorduras e de bebidas alcoólicas ingerida, é uma das recomendações principais, na fases de tratamento e nas de prevenção das doenças hepáticas. Cuide da sua saúde e mente, priorizando um estilo de vida saudável que também contemple o acompanhamento regular do seu médico de confiança.

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